"Os dedos tremem-me enquanto vos escrevo. Não sou a mesma pessoa de há 50 anos atrás, quando tinha a vossa idade. Os caminhos que levei até aqui mudaram-me. Vejo-vos a subir a mesma montanha que eu subi com um sorriso nos lábios. Também vocês não olham para trás e caminham para onde eu estou agora. Irão passar pelos mesmos locais e terão as mesmas dúvidas. Poucos de vocês escolherão outro caminho. De onde estou consigo ver todos os caminhos. Se pudesse voltaria atrás e mudaria o meu. Tomei caminhos fáceis que se revelaram difíceis. Não tomei caminhos aparentemente difíceis que agora vejo que eram bem mais fáceis. Quando me deparava com eles sentia receio de me aventurar, mas ignorei o que não via mais à frente e fiquei-me com o pouco que os meus olhos me transmitiam. Erro. Há sempre algo que não sabemos em todos os caminhos que escolhemos e percorremos. Há caminhos que agora vejo estarem bem marcados, mas a entrada está tapada. Vejo 2 ou 3 pessoas a trilharem-nos. As outras passaram por eles e não pensaram sequer que podia haver outra hipótese de fazer caminho sem ser a que estava à vista. Erro. Outro erro. Eu errei, optei sempre pelo mais fácil e agora que aqui estou vejo que havia mais difícil, mais fácil, mais bonito, mais curto, e muitos outros que eu ignorei. Não vos peço que voltem atrás e procurem outros caminhos. Peço que continuem onde estão, mas que vejam e ponderem todas as opções. Sem medo. Se sentirem que devem...
MUDEM."
